terça-feira, 31 de agosto de 2010


Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava
De olhos abertos lhe direi
Amigo, eu me desesperava.

sábado, 28 de agosto de 2010


Mas a verdade é que eu nunca apaguei as luzes
Eu tive que fechar tudo para nunca mais me abrir.
Eu tive que recriar o novo, aquilo que estava quebrado
Podre, imundo, petrificado, condenável

Muitas coisas para se enganar e se deixar levar
Muitas coisas que nos deixam cegos
Eu vi tanto em tantos lugares, tanta era a alegria vazia nos rostos
Tantas feridas no coração que você sequer acreditaria

Eu lutaria por isso, sonharia com isso
Mas não hoje, não mais.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Ao meu bom deus




Meu bom deus surdo
Como podes ouvir meu discurso banhado em sinceridade
Ao passo que tomas o mesmo drinque
Que, no decorrer de minha idade, condenava,
Que outrora era absurdo?

Meu bom deus cego
Como podes ver a pureza interior
E separar o joio que não enxergas no trigo
Quando expias por julgamentos de terror
Colidindo com meu fracassado ego?

Meu bom deus mudo
Como podes falar do teu amor
À medida que cresce a inquietude concreta das coisas não certas
Se continuas apático, parado, desnudo
Tal como o mundo?

Mas por estas sórdidas vias da Tradição
Continuo eu a te clamar, meu bom deus de amor.

Lembro-me como se fosse ontem, quando deitávamos ao relento, éramos crianças com a felicidade nas mãos, que fazíamos sombras de diversos modelos nas paredes e não conhecíamos a melancolia e a cólera que realmente é a vida.
E você se foi sem me avisar, vã felicidade, me deixou no crepúsculo de um entardecer, sorriu e beijou minha testa e partiu, deixando em seu lugar a tristeza, a qual se tornou minha fiel amiga. Aquela que vai nos tirando a vida aos poucos, como um leve suspiro...
Aquela em que ou a aceitamos, ou somos vítimas de suas peças.
Quis tê-la mesmo como amiga, ora a tristeza, ora o devaneio, ora a solidão.
Estou bem sem você felicidade vil.
oh sábio tormento!
Ah como queria, como tantos outros não sentir mais nada, nem torpor, nem felicidade vã, nem repugnância, nada! ser como os outros, que não pensam e se satisfazem.

por favor me deixe em paz!

Roset Havoland.

sábado, 21 de agosto de 2010